A ABO-NH participou no último dia 25 de agosto da Campanha de Prevenção ao Câncer de Boca, na Casa de Vacinas no Centro de Novo Hamburgo, onde foram realizados 184 atendimentos por 20 Profissionais da área da Odontologia, sendo que 104 foram encaminhados para acompanhamento mais profundo.
A Campanha é iniciativa da Secretaria de Saúde, Liga Feminina de Combate ao Câncer, UFRGS Pós Graduação em Odontologia e Patologia Bucal e Associação Brasileira de Odontologia Regional Novo Hamburgo.





A iniciativa da ABO-NH e seus parceiros, como a Secretaria de Saúde e a Pós-Graduação em Odontologia e Patologia Bucal da UFRGS, é crucial para o rastreamento de lesões na cavidade oral. O dado de 184 atendimentos e, principalmente, os 104 encaminhamentos para acompanhamento aprofundado em um único dia, evidenciam a alta demanda e a prevalência de condições que requerem investigação diagnóstica, incluindo potenciais lesões pré-malignas e malignas. Esse índice de encaminhamento, superior a 50%, sublinha a importância de estruturar um fluxo de referência eficiente para garantir que esses indivíduos tenham acesso rápido a exames complementares e biópsias, visando o diagnóstico precoce de carcinomas espinocelulares. A continuidade e o aprimoramento dessas campanhas, com foco na análise dos resultados histopatológicos dos casos encaminhados, são fundamentais para otimizar as estratégias de saúde pública e aprimorar a triagem populacional.
A ação da ABO-NH na campanha de prevenção ao câncer de boca destaca a importância dessas iniciativas. O fato de 104 dos 184 atendimentos terem sido encaminhados para acompanhamento aprofundado aponta para uma demanda latente e a relevância de rastreamentos regulares.
É certamente louvável o esforço da ABO-NH e das demais instituições parceiras – Secretaria de Saúde, Liga Feminina, UFRGS Pós Graduação – em levar a campanha de prevenção ao câncer de boca à população de Novo Hamburgo. Contudo, os números apresentados, como os 184 atendimentos por 20 profissionais em um único dia, levantam uma curiosidade sobre a natureza desses “atendimentos”. Seria interessante saber se a campanha focou em um rastreamento visual rápido ou se foi possível oferecer uma avaliação mais aprofundada em cada caso, dado o volume. Igualmente, o encaminhamento de 104 pessoas para “acompanhamento mais profundo” é um dado significativo; ele tanto pode indicar uma alta prevalência de lesões suspeitas quanto um critério bastante abrangente para o referenciamento inicial.
Ainda sobre o termo “Prevenção”, utilizado no título, surge a questão se a campanha abordou de forma robusta os fatores de risco primários, como tabagismo e consumo excessivo de álcool, ou se o foco principal recaiu sobre a detecção precoce. Ambos são pilares fundamentais, mas a prevenção em sua amplitude envolve ir além da identificação de lesões. É crucial também ponderar sobre a capacidade do sistema de saúde local em absorver esses 104 encaminhamentos de forma eficiente, garantindo que nenhum desses pacientes se perca no processo e receba o acompanhamento adequado para um diagnóstico e tratamento precisos.
Por fim, iniciativas pontuais como a realizada em 25 de agosto na Casa de Vacinas são extremamente valiosas para gerar conscientização e acesso. No entanto, para um problema de saúde pública como o câncer de boca, seria construtivo pensar em como essa campanha pode se desdobrar em ações mais contínuas ou ser integrada de forma mais sistemática à rotina dos serviços de saúde bucal e da atenção primária. Assim, talvez se consiga um impacto ainda mais duradouro e abrangente na saúde bucal da população, indo além de um único evento.