A Relação entre Doença da Gengiva (Gengivite e Periodontite) e Doenças Cardiovasculares, Diabetes, Pneumonia e Complicações na Gravidez

Postado Por Categoria: ABO Jornal NH

Recentes estudos têm demonstrado que existe uma correlação importante entre doenças da gengiva com doenças de outras partes do nosso corpo. Pessoas que tem doenças da gengiva (gengivite e periodontite) apresentam índice maior de problemas cardiovasculares (AVC- popularmente conhecido como derrame e infarto do miocárdio). Não está bem esclarecido na literatura científica se existe uma associação direta ou se porque ambos os problemas da boca e cardíacos compartilham de fatores de risco em comum (idade avançada, sexo masculino, tabagismo, baixo nível socioeconômico entre outros). Diabetes é um fator de risco para gengivite e periodontite. Alguns estudos demonstram melhora do controle dos níveis de glicose (açúcar do sangue) quando o paciente realiza um tratamento dos seus problemas gengivais. Por outro lado, os estudos apontam que quando se faz o tratamento adequando do diabetes, as condições gengivais também melhoram. Portanto é importante que tanto o diabetes quando os problemas da gengiva sejam corretamente tratados pois um interfere com o outro. Má higiene bucal está associada a maior ocorrência de pneumonia. Em pacientes internados, a situação pode ser mais grave, sendo que já foi constatado que se encontram frequentemente bactérias nos pulmões semelhantes aquelas que são encontradas nas placas bacterianas dentárias e próteses dentárias (dentaduras e pontes). A situação pode se agravar em pacientes que precisam de internação em UTI e ventilação mecânica onde toda a cavidade bucal serve como foco de infecção para desenvolver pneumonia. Doenças da gengiva podem estar relacionadas a complicações na gravidez, sendo a principal delas o nascimento prematuro. Bebês prematuros apresentam risco aumentado de morte, problemas de desenvolvimento neurológico, comportamentais, respiratórios, metabólicos e cardiovasculares. Os estudos apontam que existe uma relação muito forte entre doenças da gengiva (má higiene bucal) e doenças sistêmicas. Como já diz o ditado “a saúde começa pela boca” é muito importante cuidarmos da nossa saúde (tanto geral como bucal), especialmente quando estamos fragilizados (doentes), pois aí corremos mais riscos de complicações graves provocadas por uma má higiene oral que poderia ser perfeitamente evitada com medidas simples como escovação dentária, uso do fio dental, escova interdental, raspador de língua e bochechos com enxaguantes bucais.

 

Berto José dos Santos

Cirurgião Dentista / Especialista em Periodontia e Implantodontia

CRO – RS 8185

 Este artigo é de responsabilidade do autor

Comments (3)

  1. José Miguel Araújo

    O artigo traz pontos bastante pertinentes sobre a correlação entre a saúde bucal e diversas condições sistêmicas, como doenças cardiovasculares. No entanto, ao mencionar que “não está bem esclarecido na literatura científica se existe uma associação direta ou se porque ambos os problemas… compartilham de fatores de risco em comum”, somos levados a pensar se a importância da higiene bucal, embora inegável para a boca em si, não estaria sendo, em alguns casos, superestimada como *causa primária* de doenças sistêmicas. Poderia ser que esses fatores de risco compartilhados — como o tabagismo, o baixo nível socioeconômico e a idade — sejam os verdadeiros *motores* por trás de ambos os problemas, e a doença gengival seria, em muitas situações, mais um *indicador* de um estilo de vida ou condição geral de saúde deficitária do que um gatilho direto para um AVC ou infarto.

    No que tange à pneumonia e às complicações na gravidez, a associação com a má higiene bucal é colocada de forma robusta, e é certamente um alerta importante, especialmente quando se menciona que “toda a cavidade bucal serve como foco de infecção” em pacientes internados na UTI. Contudo, em cenários de alta complexidade, como internação e ventilação mecânica, ou mesmo em gestações de risco, seria prudente considerar que a higiene bucal deficiente pode ser apenas *um* entre muitos fatores agravantes, e não necessariamente o mais determinante. Nesses contextos, a condição geral de saúde do paciente, a imunidade comprometida e outros estressores fisiológicos talvez desempenhem um papel mais central no desfecho, sendo a má saúde bucal um componente que *contribui* para o risco, mas que por si só talvez não seja o fator *decisivo* ou mais facilmente modificável em um quadro de fragilidade extrema. A máxima “a saúde começa pela boca” é válida, mas talvez a boca seja mais um espelho da saúde geral do que a única fonte de todos os males.

  2. Este artigo evidencia de forma clara e concisa a forte correlação entre a saúde bucal e diversas condições sistêmicas, como doenças cardiovasculares, diabetes, pneumonia e complicações na gravidez. A máxima “a saúde começa pela boca” é reforçada ao demonstrar que uma má higiene oral pode ser um foco de infecção e risco para o agravamento de outras enfermidades, especialmente em pacientes fragilizados.

    A interconexão é notável, por exemplo, na relação bidirecional entre diabetes e problemas gengivais, onde o tratamento de um pode impactar positivamente o outro. Além disso, a associação entre bactérias orais e pneumonia em pacientes internados, incluindo aqueles em UTI, sublinha a gravidade potencial de uma negligência com a higiene bucal em cenários clínicos específicos.

    O texto conclui reforçando a importância de medidas simples, como escovação dentária, uso do fio dental e raspador de língua, como ferramentas preventivas cruciais. Fica evidente que a atenção à higiene oral não é apenas uma questão de saúde bucal isolada, mas um componente vital para a prevenção de complicações graves em todo o organismo.

  3. O artigo de Berto José dos Santos apresenta de forma clara e objetiva a notável interconexão entre a saúde bucal e diversas condições sistêmicas. Fica evidente, a partir dos estudos mencionados, que doenças da gengiva como a periodontite estão associadas a um maior risco de problemas cardiovasculares e a complicações na gravidez, como o parto prematuro. A relação bidirecional com o diabetes, onde o tratamento de um afeta positivamente o outro, é particularmente relevante, assim como a associação entre má higiene bucal e o risco de pneumonia, especialmente em ambientes hospitalares. Esta compilação de evidências reforça a importância da prevenção e do tratamento da saúde oral como um pilar fundamental da saúde geral, tal como sugere o adágio “a saúde começa pela boca”.

Deixe um comentário para Gabrielly Silveira Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *