A hipersensibilidade dentinária é aquela dorzinha chata ou até exagerada, quando se toma algo gelado, come doce ou escova os dentes. Ela ocorre quando há exposição da dentina (tecido mais profundo do dente). A dentina é sensível, e em condições normais é protegida das variações de temperatura pelo esmalte dental. Quando a gengiva “desce”, por trauma ou perda precoce de elementos dentários, expõe a dentina da raiz, ocorrendo a recessão gengival, transformando qualquer estímulo em sensação dolorosa. Bebidas ácidas, como vinhos, sucos cítricos, suco de maçã e iogurte são capazes de gerar hipersensibilidade dentinária.
A perda da estrutura dentária aumenta caso a escovação dentária seja feita imediatamente após a ingestão de bebidas ácidas. Devemos, então, esperar um tempo entre a ingestão desses alimentos e a escovação dos dentes. Qualquer tratamento pode falhar se esses fatores não forem controlados. Tratamentos:
- Uso domésticos de cremes dentais para dentes sensíveis. Estes produtos podem selar os túbulos microscópicos encontrados na dentina que levam o estímulo até as células nervosas do dente, através da deposição de minerais. Entretanto, nem todos os pacientes tem sucesso absoluto com estes produtos, mas observam uma melhora significativa.
- Aplicação de produtos desensibilizantes pelo cirurgião dentista;
- Restauração da área exposta, pelo cirurgião dentista;
- Cirurgia gengival para recobrimento radicular, especialmente quando há recessões grandes e que prejudicam a estética;
- Lazerterapia, pelo cirurgião dentista.
Dra. Márcia da Rosa Schuch
CRO/RS 14.910
Especialista em Ortodontia




O artigo detalha bem as causas da hipersensibilidade, mas me questiono se a depender unicamente dos “cremes dentais para dentes sensíveis”, que “nem todos os pacientes têm sucesso absoluto”, não adia uma abordagem mais profunda sobre o controle total dos fatores. Afinal, se “qualquer tratamento pode falhar se esses fatores não forem controlados”, seria interessante aprofundar na real eficácia a longo prazo das soluções caseiras e na individualização dessas recomendações.
O artigo aborda de forma clara e concisa um problema bastante comum, a hipersensibilidade dentinária, descrevendo bem a “dorzinha chata ou até exagerada” e as condições de exposição da dentina. Contudo, ao mencionar as bebidas ácidas como causa, como vinhos e sucos cítricos, e a recomendação de “esperar um tempo” antes da escovação, levanta uma questão sobre a praticidade dessa orientação no dia a dia. Seria interessante detalhar qual seria esse “tempo” ideal, já que a adesão a essa prática pode variar muito, e se o efeito tamponante da saliva não desempenha um papel crucial que poderia mitigar essa necessidade em alguns casos.
A respeito dos tratamentos, é positivo ver a menção dos cremes dentais para dentes sensíveis e o reconhecimento de que “nem todos os pacientes têm sucesso absoluto”, mas “observam uma melhora significativa”. Isso parece um pouco vago. Poderíamos questionar o que define um “sucesso absoluto” ou uma “melhora significativa” do ponto de vista do paciente, e se o mecanismo de “deposição de minerais” é o único ativo ou o mais eficaz para todos os tipos de hipersensibilidade. Além disso, embora seja dito que “qualquer tratamento pode falhar se esses fatores não forem controlados”, a lista de fatores causadores poderia ser mais abrangente, talvez incluindo hábitos como bruxismo ou uma técnica de escovação excessivamente agressiva, que também contribuem para a recessão gengival e a exposição da dentina.
Por fim, a lista de tratamentos oferecidos pelo cirurgião-dentista, desde a aplicação de dessensibilizantes até cirurgias de recobrimento radicular e lazerterapia, mostra a variedade de opções profissionais. No entanto, o texto poderia aprofundar um pouco mais sobre como o dentista aborda o diagnóstico diferencial para *qual* tratamento é mais indicado, considerando as diferentes causas e graus de sensibilidade. Em outras palavras, embora as soluções sejam listadas, a jornada do paciente para identificar a raiz do problema e o caminho terapêutico mais adequado poderia ser mais explicitada, para além dos fatores já mencionados, oferecendo uma perspectiva mais completa sobre o gerenciamento da hipersensibilidade.
A Dra. Márcia da Rosa Schuch aborda com clareza a etiopatogenia da hipersensibilidade dentinária, destacando a exposição da dentina como fator primário. A menção à perda da proteção do esmalte e a subsequente exposição da dentina radicular devido à recessão gengival, seja por trauma ou perda de elementos, é fundamental. É pertinente notar que a sensibilidade decorre da ativação dos mecanorreceptores nos túbulos dentinários, corroborando com a teoria hidrodinâmica. A discussão sobre o papel dos ácidos na dieta, como vinhos e sucos cítricos, e o impacto da escovação imediata após sua ingestão, ressalta a importância da erosão dentária e da subsequente abrasão na remoção do *smear layer* e exposição dos túbulos, enfatizando a necessidade de controle desses fatores etiológicos para o sucesso terapêutico.
Quanto às abordagens terapêuticas, o artigo apresenta um espectro que vai desde soluções caseiras até intervenções profissionais. O uso de cremes dentais para dentes sensíveis, que atuam pela deposição de minerais e oclusão dos túbulos dentinários, é uma primeira linha válida, embora com variabilidade de sucesso absoluto. A intervenção do cirurgião-dentista com agentes desensibilizantes de aplicação profissional, restaurações ou cirurgia gengival para recobrimento radicular em casos de grandes recessões, e a laserterapia, indicam uma abordagem multifacetada. É crucial que a escolha do tratamento seja precedida por um diagnóstico diferencial preciso para excluir outras patologias que mimetizem a hipersensibilidade, garantindo assim a eficácia e durabilidade do manejo clínico.