A importância da amamentação para o desenvolvimento de uma dentição normal

Postado Por Categoria: ABO Jornal NH

Colaboradora: DRA. NAHOMARA E. VIEIRA BECK

A Importância da Amamentação para o desenvolvimento de uma Dentição normal.
A freqüência das anomalias dentárias nos proporcionam provas convincentes de que o número de crianças portadoras de mal oclusões é cada vez maior. Podemos considerar a atrofia do sistema mastigatório produto da falta de função, nutrição ou fatores externos.
O progresso da civilização trás neste terreno, influência no sistema mastigatório. É notado que entre os homens de raça primitiva, que empregavam seu sistema mastigatório sem restrições, não são encontradas as anomalias funcionais que encontramos nos homens civilizados de hoje. As más oclusões podem iniciar muito cedo, pois é bastante elevado o número de recém nascidos que não tem o período da lactância normal. Muitas vezes, não porque a mãe queira diminuir o período de amamentação, e sim pela transformação que o organismo feminino está sofrendo em conseqüência dos acúmulos das obrigações e afazeres que trazem os grandes centros. O organismo feminino não tem leite suficiente, muitas vezes, para amamentar uma criança até os nove meses- um ano de idade aproximadamente, que seria o ideal.
Ao nascer a criança apresenta um degrau de 8 a 10 mm entre a maxila e a mandíbula, com a mandíbula posteriorizada em relação à maxila. Este degrau ósseo deve ser anulado até o momento da erupção dos dentes decíduos. É o ato da amamentação, feito no peito da mãe, através dos movimentos de vai e vem da mandíbula, que posicionam as duas bases ósseas corretamente. A pressão que é feita entre o ducto mamário e a cavidade bucal da criança permite a saída do leite e o selamento labial sobre o mamilo não permitirá alteração na pressão da saída do leite para a boca. Todo o músculo do Sistema Estomatognático tem ação durante o ato da amamentação. Eles estimulam o crescimento e desenvolvimento dos ossos envolvidos para depois executarem a função mastigatória tão importante no próximo período da vida.
Quando a criança faz uso de mamadeira, os estímulos que partem da boca em especial da ATM, ficarão abolidos, e resultará na falta de crescimento póstero-anterior mandibular. A mamadeira não obriga a protrusão e a retração da mandíbula. Com a mamadeira a criança aprende a engolir errado, de uma forma que perde a sincronia com a respiração. Não realizando e exercício muscular corretamente, ao erupcionar a primeira dentição, o tônus muscular será deficiente, e conseqüentemente será grande a possibilidade de respirar pela boca. O desenvolvimento das estruturas da face é de grande importância e a amamentação natural é fundamental, para o crescimento correto. Aos dois anos e meio, com a dentição decídua completa, as bases ósseas bem posicionadas, os dentes decíduos executarão corretamente a mastigação, e a respiração fisiológica será nasal, o que contribuirá para o desenvolvimento de uma face harmoniosa.

Dra. Nahomara E. Vieira Beck – Cirurgiã Dentista
Odontopediatra / Ortopedista Funcional dos Maxilares / CRO 3245

Comments (3)

  1. Luiz Miguel Barbosa

    O artigo da Dra. Nahomara Beck destaca como a “atrofia do sistema mastigatorio” em criancas civilizadas esta diretamente ligada a falta de funcao e ao declinio da amamentacao. A observacao de que as “obrigacoes e afazeres” da mulher moderna podem afetar a duracao do aleitamento, impactando o desenvolvimento oral, e um ponto que merece atencao.

    E muito bem detalhada a diferenca funcional entre amamentacao e mamadeira, especialmente na correcao do “degrau de 8 a 10 mm” entre maxila e mandibula. A explicacao de que a mamadeira “nao obriga a protrusao e retracao da mandibula”, prejudicando o crescimento postero-anterior, ilustra de forma clara a importancia do aleitamento natural.

  2. Dra. Maria Fernanda Pastor

    Adorei ler este artigo, Dra. Nahomara! É tão importante a gente reforçar essa ligação entre a amamentação e uma dentição saudável, como você destaca a “pressão que é feita entre o ducto mamário e a cavidade bucal da criança” para o desenvolvimento ósseo. Pessoalmente, vivenciei a maravilha do aleitamento com meus filhos e sempre fui defensora, e hoje entendo ainda mais como cada mamada é um verdadeiro exercício para um futuro sorriso bonito e uma respiração correta!

  3. O artigo da Dra. Nahomara Beck aborda de forma pertinente a crescente prevalência de maloclusões, correlacionando-a diretamente com a “atrofia do sistema mastigatório produto da falta de função”, um conceito central na ortopedia funcional dos maxilares. A autora destaca o papel primordial da amamentação natural para o correto desenvolvimento craniofacial, explicando o processo biomecânico pelo qual o “ato da amamentação, feito no peito da mãe, através dos movimentos de vai e vem da mandíbula”, promove a anulação do degrau ósseo fisiológico entre maxila e mandíbula presente ao nascimento. Essa dinâmica de protrusão e retração mandibular, aliada à “pressão que é feita entre o ducto mamário e a cavidade bucal”, é crucial para o estímulo de “Todo o músculo do Sistema Estomatognático”, favorecendo o crescimento tridimensional das bases ósseas. Em contraste, a mamadeira é corretamente identificada como um fator deletério, pois “não obriga a protrusão e a retração da mandíbula”, abolindo os estímulos funcionais, em especial na ATM, e resultando em “falta de crescimento póstero-anterior mandibular”, o que impacta diretamente a dimensão vertical e sagital da face.

    A discussão sobre os fatores sociais que levam à diminuição do período ideal de amamentação (“acúmulos das obrigações e afazeres que trazem os grandes centros”) é um ponto relevante, evidenciando a necessidade de suporte intersetorial para a saúde materno-infantil e, consequentemente, para a prevenção de disfunções orofaciais. A interrupção ou inadequação do período de lactância tem como desdobramento uma série de alterações que extrapolam a dentição, como a “perda de sincronia com a respiração” e o desenvolvimento de um tônus muscular deficiente, culminando em potencial respiração bucal – uma condição com vasta repercussão sistêmica. A afirmação de que a amamentação natural contribui para o desenvolvimento de uma “face harmoniosa” aos dois anos e meio, com dentição decídua completa e bases ósseas bem posicionadas, sublinha a visão holística da odontopediatria e ortopedia funcional. Seria interessante, talvez em uma continuação, aprofundar a análise sobre a influência de diferentes bicos de mamadeira ou chupetas, e como estratégias de intervenção precoce podem mitigar os efeitos adversos em casos onde a amamentação exclusiva não é possível ou idealmente prolongada. O artigo reafirma a amamentação como um pilar fundamental da prevenção em odontologia.

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