A polêmica do flúor

Postado Por Categoria: ABO Jornal NH

Colaborador: DR. RUY HARTMANN

A adição de flúor na água de abastecimento das populações é uma medida largamente utilizada como forma de prevenção de cárie. A justificativa para tal é que a incorporação de flúor aos dentes em formação, bem como a presença do mesmo em meio bucal através de aplicação tópica, torná-los-iam mais resistentes.
Já é sabido que a ingestão de flúor pode levar a fluorose, que é uma condição patológica que ocorre no momento da formação dos dentes e ossos, tornando-os mais frágeis. Além disso, estudos epidemiológicos sugerem que a exposição ao flúor está relacionada a problemas no desenvolvimento neurológico e endócrino. Uma matéria recente publicada na revista newsweek sobre o tema reacende a polêmica: É seguro fluoretar a água? Qual a real vantagem do flúor na redução da incidência de cárie na população?
Simplificadamente falando, existem duas maneiras pelas quais o flúor é utilizado em prevenção de cárie: a forma sistêmica (por exemplo, pela fluoretação da água ou sal) maneira pela qual o ele se “incorpora” ao esmalte dentário deixando-o mais resistente; e a forma tópica (por exemplo, adição ao creme dental) que atua localmente no processo de desmineralização e remineralização do esmalte dentário.
Sabe-se já há algum tempo que a utilização de flúor sistêmico é de pouca eficácia na prevenção a cárie. Por outro lado, quando usado de maneira tópica é uma maneira eficiente e segura de diminuir a incidência da mesma, pois dificulta a desmineralização dos dentes pelos ácidos metabolizados a partir dos açúcares da dieta.
Pessoalmente sou contrário a adição de fluoreto em água ou alimentos, pois seus benefícios são pequenos ou nulos quando comparado aos possíveis riscos que oferece. Já o uso tópico provou ser eficiente e seguro para a população. Polêmicas à parte, uma boa higiene com creme dental fluoretado em conjunto a uma dieta balanceada e com baixa ingestão de sacarose, bem como visitas periódicas ao seu dentista são suficientes para manter seus dentes livres de cáries e seu sorriso sempre bonito e saudável!

Dr. Ruy Hartmann CRORS 12224

Comments (3)

  1. O artigo do Dr. Ruy Hartmann contribui significativamente para o debate acerca da fluoretação da água, evidenciando as nuances de uma medida de saúde pública tão difundida. A clareza com que o autor diferencia o uso sistêmico e tópico do flúor é crucial, destacando a preocupação com os potenciais riscos da ingestão, como a fluorose e os impactos neurológicos/endócrinos mencionados, em contraste com a segurança e eficácia comprovadas da aplicação tópica. Sua defesa de que o uso sistêmico possui “pouca eficácia” em comparação com os “possíveis riscos” oferece uma perspectiva fundamentada que merece ser ponderada. De fato, a recomendação final, que enfatiza a higiene bucal adequada, dieta equilibrada e acompanhamento profissional, reitera a importância de uma abordagem multifacetada para a prevenção de cáries.

  2. É bastante pertinente a discussão levantada pelo Dr. Hartmann sobre a adição de flúor na água e seus potenciais riscos e benefícios. Ele é bem claro ao afirmar que a forma sistêmica de flúor é de “pouca eficácia na prevenção a cárie”, ao mesmo tempo em que a aplicação tópica é “eficiente e segura”. No entanto, me pergunto se essa “pouca eficácia” realmente justifica a abolição completa da fluoretação da água, especialmente considerando que por anos essa foi uma medida largamente adotada e defendida, talvez com base em estudos ou contextos epidemiológicos de outras épocas. Seria interessante aprofundar o que mudou na percepção dessa eficácia ao longo do tempo.

    A preocupação com a fluorose e os problemas neurológicos e endócrinos citados, mencionados inclusive por uma matéria na Newsweek que “reacende a polêmica”, são de fato alarmantes e não podem ser ignorados. Contudo, fico pensando se os “benefícios são pequenos ou nulos” quando comparados aos “possíveis riscos” em *todas* as populações, ou se isso se aplica mais a cenários onde há acesso fácil à higiene bucal e produtos fluoretados. Será que o impacto da fluoretação sistêmica não teria sido mais relevante em comunidades com menor acesso a cuidados odontológicos e educação sobre saúde bucal, onde um benefício, mesmo que pequeno, poderia ser significativo em termos de saúde pública?

    Por fim, a recomendação de uma boa higiene com creme dental fluoretado, dieta equilibrada e visitas ao dentista é indiscutível e fundamental. Mas ao nos posicionarmos contra a fluoretação da água e alimentos, como o Dr. Hartmann expressa sua opinião pessoal, estamos colocando a responsabilidade inteira no indivíduo. Acredito que valeria questionar se, do ponto de vista da saúde coletiva, especialmente em países com grandes desigualdades, o uso tópico provou ser *totalmente* suficiente para suprir a lacuna que o flúor sistêmico talvez preenchesse, mesmo que com “pouca eficácia”, para uma parcela da população mais vulnerável.

  3. O artigo do Dr. Ruy Hartmann aborda a polêmica do flúor com pontos relevantes, especialmente ao citar a fluorose e os problemas neurológicos e endócrinos que estudos epidemiológicos *sugerem* estarem relacionados à exposição. No entanto, fico pensando: se a utilização de flúor sistêmico é de “pouca eficácia” na prevenção de cáries, como o autor afirma, e ainda acarreta “possíveis riscos”, qual a justificativa para sua manutenção tão disseminada em sistemas de abastecimento em diversas partes do mundo? A questão levantada pela revista Newsweek sobre a “real vantagem” do flúor na redução da incidência de cárie na população parece ser respondida com uma convicção forte no texto, mas talvez a complexidade por trás da decisão de fluoretar a água envolva mais variáveis que apenas a eficácia individual versus riscos.

    Admito que a proposta de que a forma tópica é eficiente e segura, em contraste com a sistêmica, soa bastante razoável. Contudo, em uma perspectiva de saúde pública, especialmente em regiões com desigualdades sociais e dificuldades de acesso a bons hábitos de higiene e atendimento odontológico regular, não seria possível argumentar que mesmo uma “pouca eficácia” do flúor sistêmico ainda representaria um benefício marginal para uma parcela da população que, de outra forma, estaria ainda mais vulnerável? Parece-me que a discussão é mais matizada e envolve diferentes níveis de intervenção e realidades socioeconômicas, algo que o artigo, embora focado na segurança individual, talvez pudesse aprofundar um pouco mais para enriquecer o debate.

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