Anestesia local em pacientes hipertensos

Postado Por Categoria: ABO Jornal NH

Há muito tempo se discute os prós e contras da anestesia local em pacientes com complicações cardiovasculares. Dentro dos procedimentos odontológicos temos a variação de tempo do procedimento, a necessidade de hemostasia (diminuir o sangramento) e os sintomas de dor e ansiedade que podem influenciar na pressão arterial do paciente.

Em pacientes com diagnóstico de alterações cardiológicas, uma consultoria e avaliação médica são de grande importância nos cuidados e planejamentos de tratamento. Nos consultórios odontológicos, a rotina de aferir a pressão arterial na primeira consulta e antes de procedimentos invasivos é de fundamental importância na prevenção de situações de risco à saúde do paciente.

Portanto, com base em estudos, acreditamos que o anestésico ideal, assim como o vasoconstritor utilizado para pacientes hipertensos, deve estar relacionado muito mais ao procedimento odontológico a ser realizado e ao seu tempo de duração do que à simplicidade de escolha baseada nas características do medicamento sem considerar todos os aspectos envolvidos no atendimento do paciente.

Os diferentes vasoconstritores utilizados na Odontologia não influenciam diretamente na pressão arterial durante o tratamento, e sim os cuidados com o paciente, a técnica anestésica utilizada, evitando repetições, o controle de ansiedade do paciente, a correta seleção do anestésico e da dose, e obviamente, o estágio da doença e a regularidade das consultas.

Grande parte da população brasileira é hipertensa e muitos ainda não foram diagnosticados, procure seu médico, mantenha sua saúde em dia! E aos pacientes cardiopatas, não deixem de realizar um procedimento, muitas vezes necessário, por receio da anestesia. Está comprovado que o uso racional do anestésico com dosagem individualizada para cada procedimento não traz risco a saúde.

 

  Dr. Victor da Costa

Cirurgião-dentista

CRO 23863

         

Este artigo é de responsabilidade do autor

Comments (3)

  1. Valentina da Paz

    Poxa, que artigo massa! Super relevante essa discussão sobre anestesia local pra quem tem pressão alta, né? Gostei demais de como o Dr. Victor reforça a importância da gente saber da nossa saúde e da aferição da pressão no consultório. Tipo, não é só o medicamento em si, mas todo o cuidado com o paciente, a técnica usada e até o controle da ansiedade que fazem a diferença, como ele bem explicou. E aquele alerta sobre a maioria dos brasileiros serem hipertensos e nem saberem? Crucial! É bom ver que a mensagem final é tranquilizadora: com o uso certinho e individualizado, dá pra fazer o tratamento sem medo. 👏

  2. Yasmin Lopes

    O artigo do Dr. Victor da Costa aborda, pertinentemente, um dilema clínico frequente: a administração de anestesia local em pacientes hipertensos. A discussão sobre os “prós e contras” é, de fato, central na prática odontológica, visto o perfil epidemiológico da população brasileira. É crucial a compreensão de que fatores como “tempo de procedimento”, a “necessidade de hemostasia” e, principalmente, “sintomas de dor e ansiedade” podem desencadear uma resposta simpatoadrenal endógena, resultando em liberação de catecolaminas que, por vezes, é hemodinamicamente mais impactante do que a quantidade exógena de vasoconstritor administrada de forma controlada. A ênfase na “consultoria e avaliação médica” e na “rotina de aferir a pressão arterial” é um pilar fundamental para a estratificação de risco e para a segurança do paciente, sendo um protocolo indispensável em qualquer consultório que preze pela excelência e prevenção de intercorrências.

    A afirmação de que “o anestésico ideal, assim como o vasoconstritor utilizado para pacientes hipertensos, deve estar relacionado muito mais ao procedimento odontológico a ser realizado e ao seu tempo de duração do que à simplicidade de escolha baseada nas características do medicamento” reflete uma abordagem clínica racional, pautada na farmacocinética e farmacodinâmica aplicada ao contexto cirúrgico. Contudo, a generalização de que “Os diferentes vasoconstritores utilizados na Odontologia não influenciam diretamente na pressão arterial durante o tratamento” requer uma análise mais aprofundada. Embora a dosagem racional e a técnica de injeção atraumática com aspiração positiva minimizem riscos em pacientes bem controlados, a injeção intravascular inadvertida, mesmo de pequenas quantidades de epinefrina, pode precipitar elevações agudas da pressão arterial e taquicardia, especialmente em pacientes com labilidade hemodinâmica. Portanto, a ênfase nos “cuidados com o paciente, a técnica anestésica utilizada, evitando repetições, o controle de ansiedade do paciente, a correta seleção do anestésico e da dose” é acertada, pois estes são os verdadeiros pilares para a prevenção de eventos adversos.

    A mensagem final do artigo, que busca tranquilizar pacientes cardiopatas sobre a segurança dos procedimentos odontológicos mediante o “uso racional do anestésico com dosagem individualizada”, é extremamente relevante. Complementarmente, a sugestão de “procurar seu médico, mantenha sua saúde em dia” direcionada à população geral e “aos pacientes cardiopatas, não deixem de realizar um procedimento” reforça a importância da saúde integrada. No entanto, é prudente destacar que, em cenários específicos, como em pacientes com histórico de angina instável recente ou infarto agudo do miocárdio, a escolha de anestésicos sem vasoconstritor ou com vasoconstritores de menor potencial cardiovascular (como a felipressina em doses controladas) pode ser considerada, mesmo que a eficácia hemostática seja comprometida, priorizando a segurança sistêmica. A constante atualização e o discernimento clínico do profissional são indispensáveis para garantir que a terapia anestésica seja sempre adaptada à complexidade individual de cada paciente.

  3. O Dr. Victor da Costa traz um ponto de vista muito relevante ao destacar a importância da avaliação médica e do controle de ansiedade em pacientes hipertensos, um alerta fundamental para a prática odontológica. Contudo, a afirmação de que “Os diferentes vasoconstritores utilizados na Odontologia não influenciam diretamente na pressão arterial durante o tratamento” soa um tanto categórica. Embora concorde que fatores como a técnica anestésica e o manejo do paciente sejam cruciais, me pergunto se não seria mais preciso considerar que a influência farmacológica, ainda que secundária a outros aspectos como o estresse, *existe* e pode ter relevância em indivíduos mais sensíveis ou em determinadas condições. Afinal, a escolha do anestésico e do vasoconstritor não é meramente cosmética; suas características são parte intrínseca do cuidado.

    Da mesma forma, ao afirmar que o uso racional do anestésico com dosagem individualizada “não traz risco à saúde”, talvez estejamos simplificando demais a complexidade da medicina. O que se espera, e o que a boa prática busca, é a *minimização* de riscos a um patamar aceitável e manejável, e não a sua completa ausência, especialmente em pacientes com comorbidades. Além disso, quando o texto sugere que a escolha do anestésico e vasoconstritor “deve estar relacionado muito mais ao procedimento odontológico a ser realizado e ao seu tempo de duração do que à simplicidade de escolha baseada nas características do medicamento”, levanto a questão: não deveríamos, antes de tudo, focar nas *características clínicas individuais do paciente hipertenso* e no estágio da sua doença, antes mesmo de considerar a complexidade do procedimento? Parece-me que a saúde sistêmica do paciente deveria sempre ser a bússola principal, e só então as demandas do procedimento seriam integradas à decisão, com as características do fármaco sendo um componente integral dessa análise primordial.

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